Hoje, pelo terceiro-dia consecutivo, o Presidente da República saiu para um passeio matinal em Brasília. Além de afrontar as instruções da OMS (Organização Mundial da Saúde) e até mesmo do seu Ministro da Saúde, a atitude do Presidente incita outros brasileiros a saírem da quarentena para retornar a vida normal.
O que o Presidente pretende com isso?
Bolsonaro aposta que no futuro venha colher votos ao apostar que a pandemia do novo coronavírus não causará o mesmo número de mortes do que tem causado nos Estados Unidos, Espanha ou Itália. Para isso ele tem no bolso a cloroquina, um medicamento utilizando contra a malária que vem sendo utilizado em testes para o tratamento da Covid-19, mas que ainda não tem a unanimidade entre os cientistas.Leia também: A pandemia, a economia e a covardia do Presidente da República
A aposta não é só arriscada, uma vez que ainda não há estudos que demonstrem que a hidroxicloroquina possa ser utilizada por qualquer paciente e que nem todos vão reagir da mesma forma (positivamente e sem efeitos colaterais), como também contradiz todas as orientações dos médicos, cientistas e chefes de Governo que já estão passando pela pandemia. É importante ressaltar que o Brasil ainda não está no pico da doença e que o mesmo é esperado para o final deste mês.
Mas quais são as fichas que Bolsonaro colocou na mesa?
Vidas!
Ao sair às ruas e incitar os brasileiros a fazerem o mesmo, o presidente coloca vidas em risco. Para ele tudo não passa de uma aposta política que -mostrando-se correta- trará votos e credibilidade no cenário político e com isso sua reeleição estará garantida. Mas se a aposta estiver errada o número de brasileiros que virão a se infectar com o novo coronavírus aumentará absurdamente.
O escritor Ignácio de Loyola Brandão, imortal da Academia Brasileira de Letras, resume a atitude do Presidente com o seguinte pensamento:
"Mais do que nunca. Nós estamos sendo conduzidos como na fábula do flautista que toca e conduz os ratos que vêm atrás para o precipício. Este homem está nos jogando do precipício. Eu não estou atrás, mas muita gente está. O que ele pretende? Tenho 83 anos, nunca vi um presidente assim, tosco, sem cultura, analfabeto, autoritário, um soldadinho de chumbo que está lá.
Tudo isso é anormal. Isso não é a normalidade, a normalidade seria respeito à lei, ternura com o povo, esse povo que precisa salvar. Porque estamos condenados à morte. Tem gente que quer abrir comércio imediatamente. Eu não quero sair, não sou suicida. Somos governados pelo gabinete do ódio".
Agora é a sua vez, reflita se quer continuar sendo um rato atrás do flautista ou uma pessoa em pleno juízo das suas próprias atitudes.
Sem mais.
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